Friday, March 18, 2005

A coragem de quem não deve

Na edição atual do Extra Pauta, jornal de nosso glorioso sindicato, o camarada Franco Iacomini Júnior, vencedor do Esso deste ano, mostra que coragem, assim como paciência e caldo de galinha, não faz mal a ninguém. Ao lado do colega Mauri König, que levou o prêmio junto com ele, deu uma entrevista sobre o prêmio e assuntos correlatos. E, estando empregado na imprensa paranaense, com dois filhos para criar, teve a coragem de falar o que precisa ser dito. Vamos às aspas, que ele fala melhor do que eu.

“Na imprensa paranaense falta, para começar, imprensa. Temos muitos periódicos por aqui que deveriam pedir desculpas por usar a palavra “jornal” nos seus títulos. São impressos em papel de imprensa, servem para divulgar a agenda das autoridades, mas não podem ser confundidos com jornais. As redações desses diários não têm recursos para nada, muito menos para fazer jornalismo. Um expediente, aliás, correto porque não faz parte da atividade principal dessas empresas como um jornal faz, auferindo renda apenas da venda em banca e da publicidade identificada como tal. Quem deveria investir em reportagem são os três ou quatro jornais que, de modo mais ou menos envergonhado, são dignos desse nome. E um pequeno investimento faz uma grande diferença, como vimos na Gazeta nos últimos meses.”

Thursday, March 17, 2005

Propaganda ou reportagem?

E o Bush agora está ampliando seu leque de maldades e anda inovando também na comunicação governamental. Sua gestão inventou um modo de fazer publicidade disfarçada de reportagem. Eles produzem os filmes como se fossem matéria de jornal, sobre o Iraque, por exemplo, e tascam fixo. Mandam para as tevês. O espectador que assiste fica sem saber que aquilo não passou por nenhum filtro, digamos, independente. Está comprando a versão do maior interessado achando que é o comentário de alguém neutro.Bush diz que o Departamento de Justiça não acha nada ilegal nisso e que o governo dos EUA pretende continuar com a estratégia.

Tuesday, March 15, 2005

E isso é notícia?

Se os jornais dessem ao Sudão 10% do que dão de espaço ao Michael Jackson – a anti-notícia por definição – o mundo seria melhor.

Meu dia de George Bush

Fui ao Paraguai. Passei vergonha, antes de mais nada. Primeiro, por ter achado que o país deles era bem pior do que realmente é. Depois, por me sentir um imperialista tipo Bush ao chegar lá.

Fomos visitar o Palácio de Governo. Está incompleto até hoje, mais de 150 anos depois do início da construção. De um lado, as colunas têm ornamentos. De outro, não. Por quê? Porque o país foi invadido pelos brasileiros antes que o prédio estivesse pronto. Aliás, o guia contou que a primeira bandeir anacional a tremular no Palácio de Los López foi a verde e amarela. D. Pedro II foi um republicano, quem diria.

Li uma vez na Superinteressante que o Paraguai tinha mais ou menos o PIB do Piauí. E foi mais ou menos essa a sensação que tive. De estar visitando um estado pobre brasileiro. Eles são quase como uma extensão do Brasil. Assistem Globo – ou no cabo ou com novelas dubladas em espanhol. Consomem tudo da indústria brasileira, já que quase nada é produzido no país, sem indústrias. Amam os brasileiros, de quem dependem para injetar dinheiro e produtos no país.

A impressão que tive é que o fato mais importante da vida paraguaia é a longa fronteira que elestêm com o Brasil. Ciudad Del Este, a segunda mais populosa do país, vive do comércio de bugigangas chinesas para nosotros. Culturalmente, eles consomem tudo o que fazemos: ouvem axé, mpb, pagode, conhecem os nomes de nossos atores de novela. Só não temos mais domínio sobre eles pela barreia da língua. Nisso, eles têm mais proximidade com os argentinos, de quem parecem gostar menos.

O aspecto terceiro mundista que mais me impressionou foi a absoluta falta de indústria do país. Falaram que o Paraguai não produzia carros, que todos eram importados. Perguntamos a nossos guias. Eles disseram que não é apenas isso. Eles não produzem carros nem motos, nem uma única bicicletas. Quanto menos aviões e helicópteros. Ou seja, todos os veículos são necessariamente importados.

Continuei perguntando. Cosméticos? Não fazemos. Sapatos? Não fazemos. Indústria têxtil? Há uma, especializada recentemente em roupas de cama, mesa e banho. O resto, é tudo importado.

Exportação, só mesmo de produtos do campo: carne e soja, principalmente, pelo que eu entendi. Ou seja, resta um déficit imenso na balança comercial. Um economista explicou que eles compensam isso com superávit de capital. Ou seja, dinheiro que entra no país sem ser em troca de produtos. Por exemplo, o que mandam os paraguaios que decidiram tentar a sorte nos EUA ou em outros países. O dinheiro do turismo. O dinheiro que as poucas multinacionais lá instaladas – vi a Coca-Cola e a Unilever – deixam no país por ter muito menos impostos a pagar lá. E o dinheiro dos cassinos, por exemplo.
O impressionante é que 150 anos atrás o país parecia que ia ter um futuro brilhante. E fomos nós, em grande parte, que os transformamos em mascates de espelhinhos chineses e em importadores de quase todo artigo industrializado. A culpa não é inteiramente do Brasil, claro, mas dá uma certa vergonha ver que fizemos aos outros o que vivemos criticando quando lemos sobre o imperialismo alheio.

Wednesday, March 09, 2005

Como derrubar um governo em 10 lições rápidas

Um livrinho útil para quem desconfia, como eu, das teorias da conspiração. Chama-se “Todos os homens do xá”. É de um correspondente do New York Times, chamado Stephen Kinzer. Ganhei da patroa depois de um incansável lobby que incluía bater o pé cada vez que passávamos por uma livraria.

Pois bem. O livro é a história, ultradocumentada, de um golpe patrocinado por ingleses e norte-americanos no Irã. Foi em 1953. Eles derrubaram um político nacionalista chamado Mossadegh. Assim que chegou a primeiro-ministro, por uma bobeira da elite corrupta iraniana, o camarada nacionalizou a companhia inglesa de petróleo que sugava todo o dinheiro do país, devido a um monopólio assinado décadas antes.

Os ingleses tentaram ameaçar com sua fabulosa Marinha de Guerra. Boicotaram a exploração de óleo, proibindo que outros países dessem visto a técnicos em óleo que quisessem ir ao Irã, para colocar a indústria funcionando novamente. Bloquearam navios que levavam o óleo do Irã para exportação.

Quando nada deu certo, foram buscar os EUA para tentar um golpe. Truman se negou. Mas logo em seguida, Eisenhower foi eleito e topou a parada. Ele e Churchill – justo o Churchill ! – estiveram por trás da trama, tocada pela CIA.

Com protestos de rua, apoio de jornalistas corruptos, que toparam denunciar Mossadegh por tudo e mais um pouco, e um milhão de dólares para distribuir a quem não quisesse participar, compraram meio país. E conseguiram derrubar o governo.

Os EUA eram tidos pelos iranianos como amigos, ao contrário dos ingleses, que há décadas exploravam a população – assim como os russos. Com o golpe, os americanos perderam a moral que tinham. E o camarada Stephen Kinzer acha que isso ajudou a fermentar o ódio que levou à revolução soa aiatolás xiitas em 1979.

É isso. Conspiração internacional existe sim, embora ninguém como diz meu irmão, consiga acreditar no PSTU.

Se algum camarada que estiver lendo isso quiser o livro, posso emprestar.

PS: Volto a atualizar o site na segunda-feira, depois de breve viagem ao vizinho e hermano Paraguai.

Sunday, March 06, 2005

A lenda da cobra do Habib’s

Você já ouviu falar da história de que uma cobra teria picado uma criança dentro da piscina de bolinha do Habib’s? A lenda correu a cidade e deixou repórteres louquinhos atrás de alguém que confirmasse tudo. Felizmente, era mentira, assim como os caras do Habib’s tinham dito. Mas não inteiramente.

A lenda dizia que a cobra teria sido encontrada na piscina de bolinhas da lanchonete da Avenida das Torres. A criança, segundo o boato, teria morrido.

Dia desses, estava fazendo uma reportagem e, por sorte, acabei encontrando uma menina que é funcionária do Habib’s. Longe do trabalho, ela pôde me contar a história de verdade.

Diz ela que a cobra foi mesmo encontrada – mas na sede do Hauer. Por sorte, ao contrário do que diz a lenda, não havia criança nenhuma dentro da piscina, e ninguém se machucou.
As piscinas de bolinhas foram retiradas de todas as lanchonetes Habib’s de Curitiba. Mas não foi suficiente para acabar com o prejuízo. Tem diminuído o número de pessoas que tem marcado festas infantis no Habib’s.

O fantástico Fantástico

Série de Dráuzio Varella mostra o quanto de baboseiras leigos e médicos falam sobre emagrecimento. www.rocfreitas.blog.uol.com.br

Processando branquelos

Ongs do movimento negro planejam processar os branquelos que foram aprovados em vagas de cotas para negros no vestibular da UFPR. A banca examinadora encontrou 33 pessoas que, segundo o critério deles, não teriam nenhum motivo para se acreditar negros. Perderam a vaga.

Agora, as ongs querem processar os camaradas. Por quê? É que as vagas de cotistas são só na primeira chamada. Quando se descobre que alguém aprovado nas cotas não deve ficar com a vaga, ela vai à segunda chamada para o próximo da lista geral – sem qualquer distinção entre cotistas e não cotistas.

Ou seja, para cada branquelo expulso das cotas, uma vaga de negros é extinta. Em poucos dias as ongs vão anunciar como será o processo. Por enquanto, se negam a dar entrevistas sobre o tema.

O fantástico Lapão

Será que Darwin acharia Bush um tarado belicista? Ou poderia até apoiar seus instintos guerreiros. Não perca na fabulosa coluna do Lapão desta semana. www.olapaonahileia.blogspot.com