Tuesday, February 22, 2005

Pretos com orgulho

Fui ver a reavaliação dos camaradas que se inscreveram como afro na UFPR e que tiveram a sua pretitude contestada. Foi curioso ver. Tinha gente morena de várias tonalidades. Ninguém que você pudesse dizer: depois do negão, vira a direita.

Tinha gente até de olho verde quase transparente, com os cabelos lisos pintados de vermelhos. Tinha até um loiro, de mãe loira.

A maioria dizia que tinha ascendência, ou descendência, que o pessoal sempre se confundimos com isso, exclusive eu, de pretos. Meu tio era preto. Minha vó era escrava. O loiro deve ter tido uma ama-de-leite negra, não perguntei.

Acho até legal que tenha gente agora querendo ser negão. Mas a pergunta é: quantos daqueles caras diriam em qualquer outra situação que são negros. E quantos têm orgulho disso?

Rumo à reeleição

O reitor Moreira, falando nisso, responde tudo sobre cotas, Provar e o que mais se quiser. Só tem uma coisa que ele não diz de jeito nenhum: se vai tentar se reeleger para a reitoria em outubro.

Boas novas

Prenderam o presidente da OAB. Jóia. Nada contra o camarada. Quer dizer, fora ele ser advogado do Tony Garcia, dos donos de bingos e do cara que é acusado de chantagear o Carlinhos Cachoeira. Mas o mais bacana é que prenderam um cara que é presidente da OAB. Tipos: um dia esse país vai para a frente.

Democratização

O sindicato dos jornalistas, por meio deste sandinista que vos fala, está tentando montar em Curitiba um comitê regional dum fórum especializado em democratizacão da mídia. Chama FNDC Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação. Veja mais em www.fndc.com.br É coisa de gente séria. Vamos precisar de adesões, principalmente de instituições, e de gente que goste do assunto. Trabalhar pela causa, eis a que vos exorto, companheiros.

A distribuição de poder de comunicação pode e deve mudar. Mas faço o discurso depois, com mais tempo.

Bispos

Curitiba deve ganhar mais dois bispos nos próximos meses. Só faltam uns detalhezinhos para o papa assinar a nomeação.

Piada

Essa é do David Letterman. E sei que isso não é muito sandinista, mas vou ter de deixar no original inglês. É assim. Diz que uma fábrica de doces está lançando um bombom em homenagem ao Michael Jackson. White chocolate with a nut inside. Traduzindo. Chocolate branco com uma noz dentro. É que noz, em inglês, também quer dizer maluco. Mas só tem graça mesmo no original.

Friday, February 18, 2005

O que esperar?

O SBT está anunciando sua entrada no mercado cinematográfico. Assim como a Globo tem a Globo Filmes, Sílvio Santos também decidiu investir na produção de filmes de longa-metragem.

O que esperar?

O SBT está anunciando sua entrada no mercado cinematográfico. Assim como a Globo tem a Globo Filmes, Sílvio Santos também decidiu investir na produção de filmes de longa-metragem.

Índios de estetoscópio

Estou fazendo uma reportagem sobre os cinco índios que foram aprovados no vestibular da UFPR. Na verdade, eles só concorrem entre eles, numa prova à parte. E não tomam vaga de ninguém. São criadas vagas extra onde eles querem.

Pois bem. O curioso é que quatro dos cinco escolheram medicina. Talvez queiram ganhar dinheiro também. Mas principalmente parecem querer ajudar suas aldeias. Na terra indígena de dois deles, Guarita, no Rio Grande do Sul, a desnutrição matou mais de 20 crianças em 2001, antes que os fogs, como eles chamam os brancos, decidissem fazer alguma coisa.

Ranzinzice

Uma coisa que me deixa curioso. As pessoas dizem que um filme é bom, é ruim, mas perderam o costume de dizer, como se fazia até pouco tem atrás, que um filme era importante. Por tratar de algum tema social, diplomático, sei lá. Eu continuo gostando de ver filmes que eu acho importante. Ora, pílulas.

Picaretas?

Meu pai me fez ver uma ironia do destino, ocorrida no nosso nobre Congresso Nacional, a câmara baixa de nosso país. Severino Cavalcanti foi eleito presidente com 300 votos, redondos.

Alguém aí ainda se lembra da frase do Lula, que deu origem àquela musiquinha dos Paralamas? No Congresso, dizia, “são trezentos picaretas com anel de doutor”.

Idéia tosca 3

Televisões e rádios são concessões do governo federal no Brasil. Nenhuma novidade nisso. Isso quer dizer que os canais pertencem ao poder público e que quem faz a programação o faz apenas como permissionário. Pode perder a concessão, inclusive, se fizer bobagem.

Muito que bem. Aí o que eu acho estranho é o seguinte. Quem sempre está na lista de maiores anunciantes das tevês do país, independente do partido que está no poder, é o governo federal. Gasta milhões ao mês com isso.

Fica a dúvida: se os canais são do governo, não deveria o poder público, pelo menos o federal, ter direito a fazer propaganda gratuita nas rádios e tevês do país? Para que pagar por algo que é seu, e que só está emprestado a outra pessoa?
Acho que, para evitar também que o governo monopolizasse o espaço e inviabilizasse a operação comercial das operadoras, falando em linguagem de Você S.A., até poderia ser imposta uma cota máxima de anúncios governamentais.

Centro de conhecimento

O reitor da UFPR, seu Moreira, anda todo pimpão com a história das cotas na universidade. Dizem que isso mais a idéia do Provar já levaram o camarada até a pensar em se eleger senador. Sabe-se lá.

Nessa semana, ele anunciou radiante que a universidade tinha encontrado 122 brancos, ou quase brancos, ou quase pretos, que tentaram se passar por negões para entrar nas vagas reservadas aos afro-pixains.

Foram descobertos em uma banca especialmente constituída para averiguar a negritude dos cotistas. Têm direito a recurso, e a maioria apelou mesmo para uma segunda inspeção.

Tem um camarada de jornal, o André, que diz que assim que o candidato entra na sala de afro-averiguação, soltam um pagodão no mini-system do reitor. Vê-se a reação do companheiro crioulo. Aí começa a entrevista. No meio da conversa, assim sem mais nem menos, o doutor reitor joga uma bola de futebol, sem aviso, na direção do candidato. É preciso dominar a pelota com estilo.

Já um outro companheiro, o infografista Lyn, acha que os averiguadores têm uma escala de cores em mão. Tipo Pantone. E daí comparam a tez do amigo vestibulando às fichas que têm em mãos.
Em resumo. Seja como for a avaliação, há algo de ridículo em tudo isso. Convenhamos.