Tuesday, February 22, 2005

Pretos com orgulho

Fui ver a reavaliação dos camaradas que se inscreveram como afro na UFPR e que tiveram a sua pretitude contestada. Foi curioso ver. Tinha gente morena de várias tonalidades. Ninguém que você pudesse dizer: depois do negão, vira a direita.

Tinha gente até de olho verde quase transparente, com os cabelos lisos pintados de vermelhos. Tinha até um loiro, de mãe loira.

A maioria dizia que tinha ascendência, ou descendência, que o pessoal sempre se confundimos com isso, exclusive eu, de pretos. Meu tio era preto. Minha vó era escrava. O loiro deve ter tido uma ama-de-leite negra, não perguntei.

Acho até legal que tenha gente agora querendo ser negão. Mas a pergunta é: quantos daqueles caras diriam em qualquer outra situação que são negros. E quantos têm orgulho disso?

1 comment:

Lz said...

Engraçado perceber a inversão: normalmente se recorre à justiça - em casos de preconsceito - pra demonstrar que não se é diferente, que a desigualdade sofrida é infundada. No caso dos cotistas considerados branquelos, eles tentarão provar que são 'a parte'.
A comissão de escolha parece ter algo de profético: "esse rapaz sofrerá preconceito. (eu pessoalmente o preconceituaria). Dêem-lhe a cota".
Isso ainda vai dar muita confusão...